Dez anos depois do lançamento de seu último single, Fausto Fawcett está de volta, dessa vez ao lado da DJ Vivi Seixas e do duo Bruce Leroys, em uma investida que parte da criação da nova música dançante feita no Brasil, buscando a difusão de uma perspectiva mais ampla e popular da música eletrônica, o EP “Caixa Craniana”, um projeto colaborativo que reúne três faixas, sendo uma delas um remix produzido pelo DJ e produtor Renato Ratier.
O lançamento é assinado pelo selo Aureum, uma plataforma multidisciplinar de criação, baseada no Rio de Janeiro, que em seus primeiros releases já acumula colaborações muito interessantes, como a lendária banda brasileira Azymuth, o DJ francês Art Of Tones, e o Dj e produtor colombiano Felipe Gordon.
O pré save de “Caixa Craniana” já está disponível: https://hypeddit.com/caixacraniana
“CAIXA CRANIANA” por Fausto Fawcett
A cabeça dentro do crânio bate, rebate, processa, transforma a dita realidade num mosaico mutante de impressões, sensações, captações sensuais, sensoriais gerando reações hormonais apelidadas de sentimentos, gerando imaginação, gerando memória gerando a ligação direta chamada “mente”, ainda um mistério de como funciona. E o que energiza tudo isso? Sinapses, curto circuitos elétricos entre os neurônios. E que musica traduz melhor essa pulsação da víscera mais importante se relacionando com todas as outras que fazem a maquina orgânica circular por ai? A Eletrônica.
E claro que Marshal e Fender, amplificador e guitarra, inauguraram a ligação elétrica incrementando o que esse veículo chamado musica proporciona que é te levar para paisagens sonoras que são habitadas por sentimentos e sensações e tudo isso fica acionado no fundo da mente, flutuando num cofre de sinapses, na caixa preta craniana. É claro que Marshall rock, fender blues, Marshall reggae, fender country inaugurou a plugação como sinônimo de macumba eletrostática chamando, conjurando a energia em prol da diversão ou de que qualquer tipo de emoção ou piração. Se não ligar na tomada o primitivo não vem, se não ligar na tomada não aumenta a pulsação.
E junto com amplificador e guitarra vieram todos os experimentais, todos os eletroacústicos, todos os Kraftwerks, todos os engenheiros de som e inventores de traquitanas musicais amalgamadas com aparelhagens eletrônicas. E as velocidades, as faíscas, as batidas do coração da mente que bota pra circular, que bota pra dançar, que bota pra pensar, que bota pra funcionar o tal organismo de ser humano ganhou sua tradução, sua versão musical festiva ou contemplativa dependendo do que se queira ouvir, em que onda de curtição musical se queira surfar. Eletrônica conjuração.
Cabeça Jaula Craniana é uma homenagem a tudo isso que foi dito acima. A letra fala justamente desse aspecto de ligação direta com o mundo transformando tudo em mosaico de ligações, pois a cabeça, a mente é gananciosa em termos de captação, ela quer captar, capturar, dar conta de tudo o que não e possível, mas a graça e a tentativa alucinada de. Além disso, todo mundo tem na sua espinha dorsal, na sua aparelhagem cerebral milhões de anos de evolução ou que nome se queira dar para nossa estrada bioquímica nesse planeta. A mente, o cérebro, a cabeça é caixa preta de tudo. Da civilização e da barbárie, da Historia orgânica e mental que nos alimenta e atormenta. E a música eletrônica bota tudo isso pra dançar, sacudir o esqueleto, sacudir a aura, arrepiar a derme, a hipoderme, a pele do espírito animal cutucado pela tomada ligando, incrementando a pulsação. Se não ligar o primitivo não vem.
Cabeça Jaula Craniana.
Fausto Fawcett, Rio de Janeiro, agosto de 2023.
